2 de junho de 2015

Informação e orientação sobre Processamento Auditivo

Durante 24 horas por dia somos expostos a várias informações auditivas e compete ao nosso sistema auditivo identificar as mensagens que nos interessam, diminuindo ou anulando as interferências que acabam dificultando o entendimento. Ao exercer esta função, o nosso sistema auditivo coloca em uso, o que chamamos de habilidades auditivas.
Existem várias habilidades auditivas e dentre elas, podemos citar: a localização do som, a compreensão da fala no ruído, a compreensão de uma mensagem (mesmo quando ela está distorcida ou fragmentada), a capacidade para eleger estímulos apresentados a uma orelha ignorando informações apresentadas à orelha oposta, o reconhecimento de estímulos diferentes apresentados simultaneamente a ambas as orelhas e a percepção de pequenas e rápidas mudanças nos estímulos sonoros como a freqüência, a intensidade e a duração.
Dessa forma, podemos dizer que além de identificarmos a presença dos sons, também estamos processando cada um deles. Por isso, a avaliação do processamento auditivo é diferente de uma avaliação de audição tradicional (avaliação audiológica). Enquanto uma mede os níveis da audição, a outra avalia a forma como os sons são interpretados  quando ouvimos.
As informações auditivas atingem o sistema nervoso numa sucessão muito rápida. O processamento de cada uma delas deve ser feito em poucos milissegundos, para podermos acompanhar o raciocínio. Assim, se perdermos alguma pista auditiva, por menor que seja, podemos falhar na compreensão da mensagem, como é o caso da falha na interpretação de piadas, duplos sentidos e ambigüidades.
Nos últimos 20 anos, houve um enorme avanço na área das neurociências e isso repercutiu num melhor entendimento sobre o processamento auditivo. Junto a esses conhecimentos que decodificam a informação auditiva, temos outras áreas que estão associadas à leitura, escrita e linguagem, como as áreas fonológica, lexical e semântica,  bem como as áreas que elaboram as respostas. Assim, é preciso pensar no processamento das informações auditivas, sempre que houver uma queixa na aprendizagem.
O encaminhamento para a realização do Exame do Processamento Auditivo deve ser feito para complementar a avaliação clínica fonoaudiológica e nortear a terapêutica.
É de suma importância o acompanhamento da família em casa e em outros ambientes, proporcionando variedade de estímulos e vivências. No campo que concerne à audição podemos orientar algumas atividades lúdicas para as crianças:
  • ·         Proporcione vivencias auditivas ricas com exposição a sons variados (vídeos, instrumentos de bandinha, músicas de ritmos diferentes, sons ambientais e corporais)
  • ·         Peça para a criança prestar atenção nos sons de olhos abertos, vendo as ações que o provocam e depois, para estimular, trabalhe com os mesmos sons, porém  de olhos fechados e pedindo para que a criança os identifique.
  • ·         Associe estes sons com outros parecidos, buscando uma maior expressividade oral e aumento de vocabulário.
  • ·         Nomeie os sons conhecidos e outros não identificados prontamente fazendo uma associação com outros sons parecidos. 


Bibliografia:
RAMOS, B D. But, after all, why is it important to acess the auditory processing? Braz J Otorhinolarygol. 79(5): 529, 2013.

SOUZA, M A et al. Ordenação temporal simples e localização Sonora: associação com fatores ambientais e desenvolvimento de linguagem. Audiol. Commun Res. 20(1):24-31, 2015