19 de agosto de 2013

TDAH: tratar ou não nas férias escolares?

Muitas vezes é na escola que os sintomas do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade) começam a se tornar mais evidentes. Não é raro a criança na fase inicial de aprendizagem apresentar inquietude, dificuldade de concentração, ser distraída, avoada e passar a impressão de que vive no "mundo da lua". Mas quando esses, entre outros sintomas, trazem prejuízos para o aprendizado e convívio social, pode ser um sinal de que algo não vai bem.

“Na maioria dos casos, o professor é o primeiro a identificar os primeiros sinais e é quem, geralmente, alerta os pais e os instrui a procurar um médico para uma avaliação sobre a possibilidade de um caso de TDAH. Médicos especialistas no desenvolvimento neurológico e comportamental, geralmente psiquiatras e neurologistas infantis, são profissionais habilitados a confirmar o diagnóstico. Os sintomas devem estar presentes em dois ou mais ambientes (social, afetivo, familiar ou escolar) e trazerem prejuízos para a vida da criança”, explica o neuropediatra e professor- assistente da Faculdade de Medicina do ABC, Dr. Rubens Wajnsztejn*.

Com a indicação pela busca de um profissional vindo da escola e o diagnóstico confirmado, alguns pais imaginam que os sintomas só prejudicam a criança no ambiente escolar. Assim, com a chegada das férias, a decisão de muitos é de interromper o tratamento.

“Porém deve-se considerar que sem tratamento a criança pode não conseguir desfrutar as férias, brincar e se relacionar, os sintomas podem atrapalhar e os prejuízos podem reaparecer. O tratamento indicado para o TDAH só deve ser interrompido após recomendação médica”, explica.

“É importante dizer também que além de seguir o tratamento multimodal, que envolve o uso de medicamento e consultas não farmacológicas, como por exemplo, psicoterapia e fonoaudiologia, os pais e cuidadores precisam acompanhar de perto a rotina da criança. É recomendado ajudá-los utilizando lembretes, agendas e participando ativamente do cotidiano, principalmente nas férias, quando a criança tem mais tempo ocioso” recomenda o especialista.

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade acompanha a vida de mais de 330 milhões de pessoas em todo o mundo¹, ². Segundo a ABDA (Associação Brasileira de Déficit de Atenção), no Brasil, entre 5 e 8%³ das crianças sofrem desse transtorno. A doença não tem cura, mas os sintomas podem ser controlados através do uso de medicamentos, quando indicado, e de terapia especializada não farmacológica.
*Dr. Rubéns Wajnsztejn – CRM-SP 36527

Fonte: www.sissaude.com.br

18 de agosto de 2013

Comunicação Alternativa ou Ampliada - O que é?

Antes de falar de comunicação alternativa, vamos entender o que é Tecnologia Assistiva. 

Vc e eu usamos a tecnologia para muitas coisas, mas para pessoas com algum tipo de limitação, a tecnologia é usada para melhorar a qualidade de vida, é a chamada tecnologia assistiva. Mas não pense que tecnologia está somente ligada ao computador... Não! Na verdade tecnologia assistiva pode ser de alto ou de baixo custo.

A tecnologia assistiva (TA) está relacionada qualquer tipo de recurso que se propõe a promover e ampliar as habilidades em pessoas limitações funcionais. Sendo assim, temos vários exemplos de TA  e em várias áreas da saúde. Podemos citar: órteses, próteses, projetos arquitetônicos, e até mesmo aquelas TA relacionadas ao acesso ao computador, escrita alternativa e comunicação alternativa.

O fonoaudiólogo usa a TA para trabalhar a comunicação. Ou a gente quer ampliar as formas de comunicação que a pessoa possui ou a gente quer dar uma alternativa de comunicação para a pessoa (quando ela tem limitações que a impedem ou dificultam a fala). Por estes dois motivos, chamamos este recurso de Comunicação Alternativa ou Ampliada.

Exemplos de comunicação alternativa ou ampliada: Pranchas de comunicação (figuras ou escrita), comunicadores de voz gravada, voz sintetizada em computador. 

A fonoaudiologia, muitas vezes, utiliza as figuras como matéria prima para confeccionar recursos de TA. Assim, podemos proporcionar, até mesmo às crianças que não lêem, formas de se comunicar. Comunicar-se é estar em contato com o outro!

Dentre os recursos de TA que que utilizam figuras, temos: adaptações de atividades escolares, pranchas de comunicação e fichários para a comunicação como o PECSs estas são de baixo custo. Já o MEAVOX que vc já deve ter visto aqui no meu blog, usa todos os recursos que a fonoaudiologia tem para trabalhar com a comunicação e o fato de estar no celular ou tablet o caracteriza como uma TA de alto custo, voltada para a comunicação alternativa.


16 de agosto de 2013

Leia com seu filho em casa

Com o mesmo livro de história você pode realizar uma série de atividades orais ou atividades de leitura.

É importante ler para a criança todos os dias, mas atenção: nunca leia antes de dormir para que a leitura não fique associada ao sono e corra o risco de se tornar uma atividade cansativa mais tarde.

A leitura traz novidades às crianças e deve ser sempre associada a situações prazerosas. Para isto, você deve saber escolher uma história ideal, aquela que tem mais chances de prender a atenção do seu filho.

Dicas para escolher as histórias:
*    Comece com histórias curtas.
*      Procure livros com frases claras e objetivas, inicialmente.
*      Livros com ilustrações podem ser bem atrativos.
*      Livros interativos (com sons, pop up etc) podem fazer da leitura uma brincadeira.

Antes de começar a ler:
*      Mostre a capa e incentive a criança a falar o que ela acha que vai ouvir.
*      Deixe-o folhear o livro para aumentar a curiosidade.
*      Incentive a criança a deduzir a história a partir das figuras.

Durante a leitura:
*      Comente os fatos que a criança acertou, ao deduzir a história.
*      Trabalhe a compreensão do vocabulário utilizado.
*      Peça para a criança deduzir o que vai acontecer depois de um determinado fato.

Após a leitura:

Depois da leitura a atividade não termina, ao contrário, ela esta só começando. Por isso, sugiro algumas atividades a serem feitas.
*      Responder perguntas simples relacionadas à história.
*      Modificar o final da história ouvida (oralmente).
*      Relembrar os fatos ocorridos antes ou depois de uma determinada parte da história (que você indicará).
*      Recontar, oralmente, a história que ouviu.
*      Leia a história novamente, com algumas palavras faltando para que a criança possa completar. Exemplo: Catita não podia sair de casa, pois estava... (gripada). Ela resolveu ficar olhando pela... (janela). Veio um menino e tocou... (violão). Catita ficou mais... (feliz).

*      Reconte a história com alguns fatos errados, e peça para que ela lhe diga o que foi mudado na história. Exemplo: catita não podia sair de casa porque estava com o pé quebrado (Não! Ela estava gripada), e um coelho (Não! Um menino) resolveu tocar flauta para ela (Não! Ele tocou violão).

Boa atividade!

8 de agosto de 2013

DSM-V e o Autismo: Oba! Oba???

Em Maio, o DSM V foi lançado. Oba! Oba?????

DSM-V, o Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais 
O DSM tem como maior benefício padronizar diagnósticos clínicos (mesmo que de modo imperfeito), diminuindo a variabilidade que ocorreria caso cada pesquisador tivesse sua “opinião pessoal” sobre o assunto. Não seria possível, por exemplo, comparar os resultados de um tratamento realizado por uma equipe X com aqueles realizados por outra equipe Y, se cada uma delas chamar um quadro clínico de uma forma.  (Mattos, 2013)

Sendo assim, o DSM é um recurso imprescindível para a realização de diagnósticos e sua nova edição foi super esperada por muitos (inclusive por mim).

Confesso que nem me preocupei de ir correndo atrás do manual na hora para ler as modificações a respeito do autismo, pois com tanto esclarecimento acerca do assunto hoje em dia, eu tinha certeza de que os critérios diagnósticos só tendiam a melhorar.
Chegada a hora de ler as modificações, e eu me aconcheguei com papel, caneta marca-texto em punho e... quase tive uma síncope!!!!
Parece mentira, mas não é...
O diagnóstico agora é Transtorno do Espectro do Autismo e só! Não tem mais Sindrome de Asperger, nem TID-SOE, nem Alto funcionamento e nem autistas clássicos. Agora todo mundo pertence a um só grupo denominado Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). A diferença, segundo o DSM V deverá ser feita por graus e não mais por subcategorias.
Eu ainda estou pasma e nem quero pensar no que está por vir. Se já era difícil chegar a um diagnóstico com todos os critérios que tínhamos para cada categoria dentro do Espectro, o que será que vai acontecer se todos os tipos e graus levam o mesmo nome?
Diz o manual que a diferença estará nos graus. Mas sinceramente queria saber quais são as ferramentas que iremos usar para saber o grau de autismo. O CARS? O CARS é muito bom mas é uma ferramenta de grande valia para ter dados mais descritivos do quadro. O grau de autismo para mim não está no que a criança faz ou deixa de fazer, sabe ou não sabe, o grau de autismo está na funcionalidade da criança. Alguém tem uma sugestão para medir a funcionalidade?
O diagnóstico de autismo sempre foi e sempre será descritivo, mas as categorias auxiliam nos direitos, no tratamento, nas pesquisas, no diagnóstico diferencial, no prognóstico.
A presença ou a ausência de déficit intelectual, assim como a presença ou ausência de atraso de fala e linguagem, são fundamentais no diagnóstico diferencial entre a Sindrome de Asperger, autistas de alto funcionamento e autistas clássicos.
Olha só como vai funcionar: A criança vai ao médico que diz que ele tem TEA, e quando ela chegar no meu consultório com este papel, ele não vai fazer a menor diferença para mim pois não terei idéia de onde ela está no espectro, de como ela funciona, qual o ponto de partida.
Pensem bem: Se todos são TEA, sem categorização, pesquisas similares podem ter resultados diferentes só porque tinham indivíduos com muitas variações dentro do espectro. Ex.: O resultado de uma pesquisa com 10 Aspergers é muito diferente de uma outra pesquisa com 5 Aspergers e 5 autistas clássicos. Claro!
Para fazer a pesquisa nós teremos que separar os grupos pelos sintomas, características e antes nós tínhamos uma referência para isto e agora não temos mais.
Ou os pesquisadores vão ter um trabalho danado para explicar como foi a seleção do grupo pesquisado ou eu vou ter um trabalho danado para ler e entender o resultado da pesquisa. Fora que eu ainda vou ter que aplicar a teoria na prática.
Bom, até agora listei que eu considero perda para os profissionais da saúde... mas ainda posso citar as possíveis perdas para a sociedade.
A inclusão do asperger e autistas "clássicos" na escola é a mesma? Não! Conclusão: Perdemos a individualidade.
A sociedade tem muitos mitos ainda sobre o autismo? Sim! Agora teremos mais mitos ainda porque o nome é igual para todo mundo e a conscientização não poderá ser feita em poucas palavras.
Junto com a falta e dificuldade de informação temos o preconceito aumentando.

Bom,me lembrei de um pensamento de Boaventura de Souza Santos, que pode ser muito bem aplicada aqui.
"Lutar pela igualdade quando a diferença nos discrimina. E lutar pela diferença quando a igualdade nos descaracteriza"

Este pensamento ilustra nem o que penso a respeito do DSM V. O DSM V descaracterizou pessoas que precisavam de um pouco mais de ciência e sensatez.

Ainda estou digerindo....