16 de setembro de 2013

Palestra: Comunicação Funcional e Autismo

Palestra:

Comunicação Funcional e Autismo


Priscila Felix
Fonoaudióloga Clínica da Linguagem Infantil

Dia 26 de Setembro de 2013

Horário: 19:00h

Local: Shopping 33 - Torre II, Sala 806

Investimento: R$ 30,00 (Trinta reais) por pessoa.

Inscrições:       (24) 9832-5002
                        fonofelix@gmail.com
                                                                

19 de agosto de 2013

TDAH: tratar ou não nas férias escolares?

Muitas vezes é na escola que os sintomas do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade) começam a se tornar mais evidentes. Não é raro a criança na fase inicial de aprendizagem apresentar inquietude, dificuldade de concentração, ser distraída, avoada e passar a impressão de que vive no "mundo da lua". Mas quando esses, entre outros sintomas, trazem prejuízos para o aprendizado e convívio social, pode ser um sinal de que algo não vai bem.

“Na maioria dos casos, o professor é o primeiro a identificar os primeiros sinais e é quem, geralmente, alerta os pais e os instrui a procurar um médico para uma avaliação sobre a possibilidade de um caso de TDAH. Médicos especialistas no desenvolvimento neurológico e comportamental, geralmente psiquiatras e neurologistas infantis, são profissionais habilitados a confirmar o diagnóstico. Os sintomas devem estar presentes em dois ou mais ambientes (social, afetivo, familiar ou escolar) e trazerem prejuízos para a vida da criança”, explica o neuropediatra e professor- assistente da Faculdade de Medicina do ABC, Dr. Rubens Wajnsztejn*.

Com a indicação pela busca de um profissional vindo da escola e o diagnóstico confirmado, alguns pais imaginam que os sintomas só prejudicam a criança no ambiente escolar. Assim, com a chegada das férias, a decisão de muitos é de interromper o tratamento.

“Porém deve-se considerar que sem tratamento a criança pode não conseguir desfrutar as férias, brincar e se relacionar, os sintomas podem atrapalhar e os prejuízos podem reaparecer. O tratamento indicado para o TDAH só deve ser interrompido após recomendação médica”, explica.

“É importante dizer também que além de seguir o tratamento multimodal, que envolve o uso de medicamento e consultas não farmacológicas, como por exemplo, psicoterapia e fonoaudiologia, os pais e cuidadores precisam acompanhar de perto a rotina da criança. É recomendado ajudá-los utilizando lembretes, agendas e participando ativamente do cotidiano, principalmente nas férias, quando a criança tem mais tempo ocioso” recomenda o especialista.

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade acompanha a vida de mais de 330 milhões de pessoas em todo o mundo¹, ². Segundo a ABDA (Associação Brasileira de Déficit de Atenção), no Brasil, entre 5 e 8%³ das crianças sofrem desse transtorno. A doença não tem cura, mas os sintomas podem ser controlados através do uso de medicamentos, quando indicado, e de terapia especializada não farmacológica.
*Dr. Rubéns Wajnsztejn – CRM-SP 36527

Fonte: www.sissaude.com.br

18 de agosto de 2013

Comunicação Alternativa ou Ampliada - O que é?

Antes de falar de comunicação alternativa, vamos entender o que é Tecnologia Assistiva. 

Vc e eu usamos a tecnologia para muitas coisas, mas para pessoas com algum tipo de limitação, a tecnologia é usada para melhorar a qualidade de vida, é a chamada tecnologia assistiva. Mas não pense que tecnologia está somente ligada ao computador... Não! Na verdade tecnologia assistiva pode ser de alto ou de baixo custo.

A tecnologia assistiva (TA) está relacionada qualquer tipo de recurso que se propõe a promover e ampliar as habilidades em pessoas limitações funcionais. Sendo assim, temos vários exemplos de TA  e em várias áreas da saúde. Podemos citar: órteses, próteses, projetos arquitetônicos, e até mesmo aquelas TA relacionadas ao acesso ao computador, escrita alternativa e comunicação alternativa.

O fonoaudiólogo usa a TA para trabalhar a comunicação. Ou a gente quer ampliar as formas de comunicação que a pessoa possui ou a gente quer dar uma alternativa de comunicação para a pessoa (quando ela tem limitações que a impedem ou dificultam a fala). Por estes dois motivos, chamamos este recurso de Comunicação Alternativa ou Ampliada.

Exemplos de comunicação alternativa ou ampliada: Pranchas de comunicação (figuras ou escrita), comunicadores de voz gravada, voz sintetizada em computador. 

A fonoaudiologia, muitas vezes, utiliza as figuras como matéria prima para confeccionar recursos de TA. Assim, podemos proporcionar, até mesmo às crianças que não lêem, formas de se comunicar. Comunicar-se é estar em contato com o outro!

Dentre os recursos de TA que que utilizam figuras, temos: adaptações de atividades escolares, pranchas de comunicação e fichários para a comunicação como o PECSs estas são de baixo custo. Já o MEAVOX que vc já deve ter visto aqui no meu blog, usa todos os recursos que a fonoaudiologia tem para trabalhar com a comunicação e o fato de estar no celular ou tablet o caracteriza como uma TA de alto custo, voltada para a comunicação alternativa.


16 de agosto de 2013

Leia com seu filho em casa

Com o mesmo livro de história você pode realizar uma série de atividades orais ou atividades de leitura.

É importante ler para a criança todos os dias, mas atenção: nunca leia antes de dormir para que a leitura não fique associada ao sono e corra o risco de se tornar uma atividade cansativa mais tarde.

A leitura traz novidades às crianças e deve ser sempre associada a situações prazerosas. Para isto, você deve saber escolher uma história ideal, aquela que tem mais chances de prender a atenção do seu filho.

Dicas para escolher as histórias:
*    Comece com histórias curtas.
*      Procure livros com frases claras e objetivas, inicialmente.
*      Livros com ilustrações podem ser bem atrativos.
*      Livros interativos (com sons, pop up etc) podem fazer da leitura uma brincadeira.

Antes de começar a ler:
*      Mostre a capa e incentive a criança a falar o que ela acha que vai ouvir.
*      Deixe-o folhear o livro para aumentar a curiosidade.
*      Incentive a criança a deduzir a história a partir das figuras.

Durante a leitura:
*      Comente os fatos que a criança acertou, ao deduzir a história.
*      Trabalhe a compreensão do vocabulário utilizado.
*      Peça para a criança deduzir o que vai acontecer depois de um determinado fato.

Após a leitura:

Depois da leitura a atividade não termina, ao contrário, ela esta só começando. Por isso, sugiro algumas atividades a serem feitas.
*      Responder perguntas simples relacionadas à história.
*      Modificar o final da história ouvida (oralmente).
*      Relembrar os fatos ocorridos antes ou depois de uma determinada parte da história (que você indicará).
*      Recontar, oralmente, a história que ouviu.
*      Leia a história novamente, com algumas palavras faltando para que a criança possa completar. Exemplo: Catita não podia sair de casa, pois estava... (gripada). Ela resolveu ficar olhando pela... (janela). Veio um menino e tocou... (violão). Catita ficou mais... (feliz).

*      Reconte a história com alguns fatos errados, e peça para que ela lhe diga o que foi mudado na história. Exemplo: catita não podia sair de casa porque estava com o pé quebrado (Não! Ela estava gripada), e um coelho (Não! Um menino) resolveu tocar flauta para ela (Não! Ele tocou violão).

Boa atividade!

8 de agosto de 2013

DSM-V e o Autismo: Oba! Oba???

Em Maio, o DSM V foi lançado. Oba! Oba?????

DSM-V, o Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais 
O DSM tem como maior benefício padronizar diagnósticos clínicos (mesmo que de modo imperfeito), diminuindo a variabilidade que ocorreria caso cada pesquisador tivesse sua “opinião pessoal” sobre o assunto. Não seria possível, por exemplo, comparar os resultados de um tratamento realizado por uma equipe X com aqueles realizados por outra equipe Y, se cada uma delas chamar um quadro clínico de uma forma.  (Mattos, 2013)

Sendo assim, o DSM é um recurso imprescindível para a realização de diagnósticos e sua nova edição foi super esperada por muitos (inclusive por mim).

Confesso que nem me preocupei de ir correndo atrás do manual na hora para ler as modificações a respeito do autismo, pois com tanto esclarecimento acerca do assunto hoje em dia, eu tinha certeza de que os critérios diagnósticos só tendiam a melhorar.
Chegada a hora de ler as modificações, e eu me aconcheguei com papel, caneta marca-texto em punho e... quase tive uma síncope!!!!
Parece mentira, mas não é...
O diagnóstico agora é Transtorno do Espectro do Autismo e só! Não tem mais Sindrome de Asperger, nem TID-SOE, nem Alto funcionamento e nem autistas clássicos. Agora todo mundo pertence a um só grupo denominado Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). A diferença, segundo o DSM V deverá ser feita por graus e não mais por subcategorias.
Eu ainda estou pasma e nem quero pensar no que está por vir. Se já era difícil chegar a um diagnóstico com todos os critérios que tínhamos para cada categoria dentro do Espectro, o que será que vai acontecer se todos os tipos e graus levam o mesmo nome?
Diz o manual que a diferença estará nos graus. Mas sinceramente queria saber quais são as ferramentas que iremos usar para saber o grau de autismo. O CARS? O CARS é muito bom mas é uma ferramenta de grande valia para ter dados mais descritivos do quadro. O grau de autismo para mim não está no que a criança faz ou deixa de fazer, sabe ou não sabe, o grau de autismo está na funcionalidade da criança. Alguém tem uma sugestão para medir a funcionalidade?
O diagnóstico de autismo sempre foi e sempre será descritivo, mas as categorias auxiliam nos direitos, no tratamento, nas pesquisas, no diagnóstico diferencial, no prognóstico.
A presença ou a ausência de déficit intelectual, assim como a presença ou ausência de atraso de fala e linguagem, são fundamentais no diagnóstico diferencial entre a Sindrome de Asperger, autistas de alto funcionamento e autistas clássicos.
Olha só como vai funcionar: A criança vai ao médico que diz que ele tem TEA, e quando ela chegar no meu consultório com este papel, ele não vai fazer a menor diferença para mim pois não terei idéia de onde ela está no espectro, de como ela funciona, qual o ponto de partida.
Pensem bem: Se todos são TEA, sem categorização, pesquisas similares podem ter resultados diferentes só porque tinham indivíduos com muitas variações dentro do espectro. Ex.: O resultado de uma pesquisa com 10 Aspergers é muito diferente de uma outra pesquisa com 5 Aspergers e 5 autistas clássicos. Claro!
Para fazer a pesquisa nós teremos que separar os grupos pelos sintomas, características e antes nós tínhamos uma referência para isto e agora não temos mais.
Ou os pesquisadores vão ter um trabalho danado para explicar como foi a seleção do grupo pesquisado ou eu vou ter um trabalho danado para ler e entender o resultado da pesquisa. Fora que eu ainda vou ter que aplicar a teoria na prática.
Bom, até agora listei que eu considero perda para os profissionais da saúde... mas ainda posso citar as possíveis perdas para a sociedade.
A inclusão do asperger e autistas "clássicos" na escola é a mesma? Não! Conclusão: Perdemos a individualidade.
A sociedade tem muitos mitos ainda sobre o autismo? Sim! Agora teremos mais mitos ainda porque o nome é igual para todo mundo e a conscientização não poderá ser feita em poucas palavras.
Junto com a falta e dificuldade de informação temos o preconceito aumentando.

Bom,me lembrei de um pensamento de Boaventura de Souza Santos, que pode ser muito bem aplicada aqui.
"Lutar pela igualdade quando a diferença nos discrimina. E lutar pela diferença quando a igualdade nos descaracteriza"

Este pensamento ilustra nem o que penso a respeito do DSM V. O DSM V descaracterizou pessoas que precisavam de um pouco mais de ciência e sensatez.

Ainda estou digerindo....

19 de julho de 2013

Atividade para trabalhar expressões faciais

Olá!
Hoje o post é uma idéia de uma atividade criativa e de múltiplos usos terapêuticos e lúdicos.
Este material da foto, fui eu mesma quem fiz. Seguindo a "onda" do DIY (do it yourself), coloquei a mão na massa e fiquei feliz com o resultado.

Como fazer:
Utilizei uma pasta para colar as figuras de menino e menina.
Fiz uma xerox ampliada de cada figura, sem os olhos nariz e boca.
Colei os meninos na pasta e cobri as imagens com contact.
Em cartões avulsos, fiz modelos diferentes de cada parte do rosto considerando a montagem de expressões faciais como: feliz, triste, bravo, susto e medo.
Colei uma parte do velcro na pasta e outra no verso dos cartões com as partes do rosto para a montagem do rostinho ser mais divertida e dinâmica.



Resultado:
- Posso pedir para a criança montar uma expressão facial determinada.
- Posso montar uma expressão e pedir para a criança imitá-la no espelho.
- Posso ler uma história e pedir para a criança representar a expressão facial do personagem.
- Enfim.... posso deixar a criatividade aflorar de acordo com os objetivos da terapia.

Espero que tenham gostado!

1 de maio de 2013

Os quatro reinos autistas - Alysson Muotri

O autismo é, para as doenças neurológicas, o mesmo que a África para os assuntos sociais”, definiu o jornalista Caryn James, em declaração publicada no “New York Times”, em 2007. Com a frase, James buscou enfatizar o emergente reconhecimento público sobre o autismo durante a década passada. Movimentos emergentes pro-África acabaram por polarizar opiniões dos envolvidos, causando certa confusão na percepção pública sobre o assunto. Afinal como ajudar a África? O mesmo acontece com o autismo hoje em dia.
Parte da polarização de opiniões sobre o autismo está relacionada com seu caráter heterogêneo: chamamos de autista um garoto de seis anos de idade que não fala, um jovem de 20 anos que estuda computação e tem “tiques estranhos” e um homem de 40 anos que segue uma rotina religiosa e não tem interesse na vida social. “Autismos” seria a melhor definição para esse espectro de comportamentos sociais. Não existe um autismo típico, cada caso tem sua própria natureza. A outra contribuição da polarização vem dos profissionais de saúde. Pessoas com autismo são vistas sob óticas diferentes dependendo do profissional – seja pediatra, neurologista, psiquiatra, terapeuta comportamental, dentista, psicólogo, fonoaudiólogo ou tantos outros que se relacionam com o autista.

É a velha história dos cegos e do elefante, em que cada um apalpa uma parte do bicho e acredita estar diante de um objeto diferente. Cada um tem uma perspectiva diferente da condição autista, com opiniões fortes de como o autismo deve ser encarado e tratado. Outros ignoram completamente o problema, buscam aceitação, levantando a bandeira da diversidade, rejeitando opções de tratamento e cura. É óbvio que isso tudo deixa os familiares confusos e pulveriza a força politica pró-autista.
Pois bem, no espírito da conciliação, de encontrar o que é comum e válido entre as diversas tribos pró-autistas, proponho quatro perspectivas de comunidades interessadas em autismo que se especializaram tanto na forma como falam sobre o autismo que se tornaram reinos ou feudos isolados e distintos. Cada reino tem suas verdades, mas todos falham na tentativa de entender ou mesmo reconhecer que suas verdades não são aceitas fora de suas fronteiras.
Primeiro Reino: o autismo como doença. A condição autista foi descrita pela primeira vez pelo médico Leo Kanner em 1943. Desde então, a pesquisa médica tem sido focada encarando o autismo como se fosse uma doença. Nesse reino encontram-se médicos, pesquisadores, familiares e pacientes. Todos veem o autismo como uma doença do cérebro que pode ser tratada com medicamentos. Investigam a melhoria do diagnóstico, intervenções e a cura como objetivo final. Teorias médicas evoluíram da mãe-geladeira para formas complexas da neurogenética. Buscam-se marcadores moleculares da doença e novas drogas. Ao contrário dos que veem o autismo como uma deficiência, buscando melhores serviços e suporte, esse reino foca na lógica puramente científica para justamente reduzir o número de serviços e suporte dado ao autista. Querem cortar o mal pela raiz.
Segundo Reino: o autismo como identidade. Nesse reino, os integrantes substituem a classificação de autismo como doença por uma questão de diversidade – ou mesmo de  identidade. Esses, juntos com as comunidades de deficientes, veem o autismo como sendo apenas mais uma entre milhares de variações cognitivas da humanidade, com necessidade de aceitação, não de cura. Pessoas com autismo leve que podem viver de forma independente, mas que não se sentem totalmente acolhidas socialmente, fazem parte desse grupo. Em vez de buscarem formas de se tornarem “normais”, focam na inclusão e aceitação social. Exigem reconhecimento de que o autismo é uma forma de pensar diferente, que pode produzir soluções inovadoras para problemas difíceis. Muitos veem os resultados genéticos como uma forma de eugenia, não acreditam em explicações de causalidade e acham que tratamentos são uma forma compulsória de conformismo social. Como as comunidades de deficientes, membros desse reino buscam apoio da sociedade, melhorias educacionais, serviços ocupacionais e direitos cívicos.
Terceiro Reino: o autismo como lesão. Talvez um dos argumentos mais acalorados sobre o autismo seja o papel da vacina como causadora de uma lesão levando ao autismo. Membros dessa comunidade são pais que observaram regressões de desenvolvimento de suas crianças após vacinação. Mesmo frente a fortes evidências epidemiológicas de que vacinas não causam autismo, defensores dessa teoria sugerem que esses estudos estejam mascarando casos raros que foram causados por vacinas. Ao contrário do grupo anterior, os pacientes autistas nesse caso são afetados de formas severas, não verbais, com disfunções imunológicas, gastrointestinais e ataques epiléticos. Familiares desse grupo, sentindo que a ciência e medicina ainda não geraram medicamentos eficazes, buscam alternativas como dietas específicas e desintoxicação, entre outras. A grande distinção desse grupo é que acreditam o autismo fora causado por uma determinada lesão cerebral, causada por algum episodio específico na historia de vida do individuo. Portanto, levantam a bandeira da prevenção, reconhecendo que ao descobrir a causa poderíamos frear a prevalência do autismo.
Quarto Reino: o autismo como modelo. Da mesma forma que cientistas usam a cegueira para entender o sistema visual, membros desse grupo buscam no autismo a oportunidade de entender o cérebro social. Esse grupo é composto primordialmente por neurocientistas interessados em compreender o comportamento social humano, usando ferramentas como neuroimagem e neuroanatomia em tecidos cerebrais. O objetivo é mapear o cérebro para encontrar vias nervosas que processam informações socais específicas, tais como reconhecimento de faces, postura em grupo e teoria da mente. Esses cientistas apostam em modelos animais ou estudos de ressonância magnética do cérebro humano como instrumentos importantes para se ganhar insights sobre a natureza humana, sem necessariamente se preocupar com a causa ou cura do autismo.
Reconheço que esses quatro reinos não necessariamente representam todo o universo do espectro autista. No entanto, descrevem de forma ampla perspectivas distintas que hoje em dia dividem opiniões sobre o autismo. Esses feudos criaram estruturas super organizadas como sociedades profissionais, ONGs ou redes sociais, para se fortificarem. Infelizmente essa atitude serviu também para criar barreiras entre si, dificultando interações construtivas e trocas de idéias entre seus membros menos extremistas. Assim, podemos entender as críticas que sofrem os geneticistas, que veem o autismo como doença e buscam diagnóstico pré-natal, que seriam agentes abortivos dos autistas da próxima geração.
Mas quem afinal está certo? Da mesma forma que ainda não sabemos qual a melhor politica para ajudar a África, não existe uma resposta clara para o autismo. É provável que todos os cegos estejam certos parcialmente. O importante é notar que cada um dos reinos autistas tem oportunidades de oferecer algo de construtivo. Precisamos tanto de melhores diagnósticos e tratamentos, como melhores serviços, estratégias de prevenção e um entendimento mais apurado do cérebro social humano. Acredito que quanto mais os membros desses grupos se mantiverem isolados, pior será para o autismo. Acho que deveríamos buscar o oposto, abrindo a fronteira desses reinos e favorecendo a fertilização cruzadas de ideias. Essa atitude pode mostrar o que existe de comum entre esses reinos. Por exemplo, a luta por melhores serviços profissionais que atendam a demanda autista. Outro exemplo seria a de criar um centro de excelência que testasse sem bias idéias vindas das diversas áreas. Propus algo assim para o Brasil recentemente e fiquei pasmo com a recepção positiva de pessoas com opiniões bem diferentes sobre o autismo o que sugere que a proposta mereça ser considerada.
Com o crescente número de crianças autistas tornando-se adultos com autismo, a situação começa ficar crítica e requer ação imediata. Penso que nada de muito positivo vá acontecer se cada grupo insistir na sua própria visão. Será uma pena olharmos do futuro para o que acontece hoje e concluirmos que poderíamos ter lutado juntos por algo transformador, buscando cooperação ao invés de conflito. Acho é possível unirmos forças para atingir metas a curto prazo, como melhores escolas para os autistas, e também soluções a longo prazo. Dessa forma teremos um mundo melhor para crianças e adultos autistas.

Alysson Muotri
Fonte: http://g1.globo.com/platb/espiral/2013/03/04/os-quatro-reinos-autistas/

2 de abril de 2013

A atuação fonoaudiológica no TDAH


Atuação do Fonoaudiólogo como intervenção complementar em crianças com TDAH em idade escolar:

 

O fonoaudiólogo é o profissional que atua na promoção da saúde, avaliação e diagnóstico, orientação, intervenção e aperfeiçoamento da comunicação humana. Dentre as áreas de competência do fonoaudiólogo está o aprimoramento das habilidades de linguagem oral e escrita.

Sabe-se que a criança com TDAH pode apresentar dificuldades escolares devido a seus sintomas de desatenção e hiperatividade.

Em muitos casos, o tratamento do quadro exige intervenção complementar para minimizar problemas decorrentes destes sintomas primários. Por exemplo, para que a criança sele­cio­ne as informações rele­van­tes e igno­re os estí­mu­los menos impor­tan­tes durante a leitura de um texto, é necessário direcionar con­si­de­rá­vel quan­ti­da­de de atenção a esta tarefa. Um dos principais sintomas do TDAH, a desatenção, pode ser prejudicial aos processos de compreensão de texto o que, consequentemente, limita o aprendizado que está vinculado ao material escrito.

Além disso, a atuação do fonoaudiólogo pode auxiliar as habilidades de comunicação oral que podem igualmente estar prejudicadas em pessoas com TDAH. Essas dificuldades de comunicação são em geral ignoradas quando se pensa no tratamento e acompanhamento destas crianças. Há algumas evidências científicas de que as dificuldades de planejamento e monitoramento exigidas no processo de compreensão oral estão prejudicadas.

Considerando, ainda, que segundo dados da Associação Brasileira de Dislexia 50% das pessoas com TDAH apresentam comorbidade com Dislexia, a ABDA entende que deve ampliar o quadro de profissionais envolvidos no acompanhamento integral e multidisciplinar do TDAH em idade escolar, incluindo a importante participação e atuação do fonoaudiólogo.

Fonte: ABDA

26 de março de 2013

Atividade para compreensão de palavras escritas

Para trabalhar a compreensão de palavras escritas, geralmente encontramos atividades de ligar a figura à palavra ou jogos da memória etc. Todas são bem bacanas, mas para variar um pouco o material dado, sugiro esta prancha (foto abaixo)


O material consiste em cenas de revistas e legendas.
A criança deve colar a legenda em cima da imagem correspondente, fixando-a com velcro adesivo.
Na foto acima usei uma pasta catálogo de papelão, assim, fica mais fácil guardar o material depois do manuseio sem perder as fichas móveis.

É importante ressaltar que neste tipo de atividade, a criança lê sozinha e acha a imagem baseando-se na compreensão que ela mesma teve. Não devemos reler a palavra logo após a criança pois isso dará dicas desnecessárias. 

Espero que gostem!
Priscila


14 de março de 2013

Cartão de dica

Hoje vou abrir uma nova categoria de postagem: Atividades e recursos

Para inaugurar, segue uma dica de recurso visual para crianças agitadas.

Tenho várias crianças com dificuldades para permanecerem sentadas nas atividades. Tenho crianças que ficam em pé na frente da mesa para realizar o que estou pedindo!!
Por mais que estas crianças estejam engajadas na atividade, considero importante permanecer sentado por um bom período, já que na escola é assim que elas terão que ficar.
Eu perdia tempo pedindo para elas se sentarem, acabava interrompendo a atividade e a repetição também se tornava cansativa (para a criança e para mim).

Bom, diante desta problemática criei um "cartão de dica" que poderia tornar as coisas um pouco mais divertidas. O cartão se chama "Bumbum na cadeira"!



Orientações:
O cartão é apresentado para a criança de forma divertida e motivadora.
Damos risada da foto do "bumbum".
Explico que a regra é ficar sentado e que a plaquinha vai ficar com a gente o tempo todo, atá a atividade acabar. E a regra vale para você e para a criança.
O cartão fica em cima da mesa, como uma plaquinha de "aviso". (coloque num suporte alto, como o da foto, para ficar de frente para a criança)
Se, por acaso, a criança se levantar diga: - Ooops! (e aponte para a plaquinha)

A estratégia é muito legal!

Depois de algum tempo, retire a plaquinha em algumas atividades para que a criança vá se acostumando a ficar sem ela. Transforme isso numa brincadeira também, diga o mesmo "Ooops!", se ela se esquecer e se levantar. Boa diversão!

28 de fevereiro de 2013

Palestra sobre dislexia


"Dislexia: Representação Cerebral Diferenciada"

Data: 13 de Março de 2013
Local: Auditório da Cruz Vermelha, 
Rua 40 nº13 Vila Sta Cecília, Volta Redonda, Horário: 20 horas 
Palestrante: DrªGuiomar Albuquerque, Fonoaudióloga

Vale a pena participar!
Inscrições pelo telefone (24)88020325.
As vagas são limitadas.

Leve um quilo de alimento não perecível para doarmos à Cruz Vermelha.

Mais um evento realizado pela Equipe AGRADA

7 de fevereiro de 2013

Mediadoras de crianças autistas


“ O papel do professor de um aluno com autismo é semelhante ao intérprete transcultural: alguém que entende ambas as culturas e é capaz de traduzir as expectativas e procedimentos de um ambiente não-autístico para o aluno com autismo.”
Esse trecho foi extraído do artigo, A cultura do autismo: do entendimento teórico à prática , (MESIBOV & SHEA, 2010).
Acredito que a criança com autismo na escola regular, necessita de alguém que possa mediar as relações constantemente, aliás costumo não abir mão disso.
Antigamente eu usava o termo AT para me referir a este profissional que acompanhava a criança, hoje eu prefiro o termo mediadora. A minha preferência atual pelo termo ‘mediadora’ pode ser justificada até mesmo pela analogia feita pelo autor do artigo citado acima, um intérprete entre a criança e o ambiente ao redor.
Também me lembrei de uma frase do Oliver Sacks que diz que o ‘...autismo é uma forma profundamente diferente de ser.”
O “intérprete” deve entender bastante as “duas formas de ser”, principalmente o autista, e assumir um papel primordial na vida da criança.
Mediar. Traduzir. Tronar compreensível. Adaptar. Favorecer. Contribuir para o desenvolvimento num ambiente muito mais favorável.

Aproveito o texto para mandar um beijo para as mediadoras dos meus pacientes:
Vocês são demais! E trabalhar com vocês em equipe é bom para mim, para a família, para a escola e para os nossos pequenos vencedores! 

Um beijão.
Priscila Felix

30 de janeiro de 2013

Prevenir é diferente de privar


Esta semana já falei algumas vezes sobre o mesmo assunto com pessoas diferentes no consultório e, por isso decidir compartilhar aqui com vocês.

 “Prevenir é diferente de privar”.

A frase é clara, mas a conduta da família nas situações é bem mais difícil.

Exemplo: 
A criança autista não gosta de bexigas e chora muito quando as vê. A família, numa tentativa de impedir o choro, deixa de ir em aniversários confraternizações e outros lugares que poderiam trazer tantas vivências para ela. Achando que estão prevenindo uma situação desconfortante, a família na verdade está se privando de vida social junto com a criança.

Este exemplo mostra um problema comum: diferenciar a prevenção da privação.
Numa tentativa de não deixar que a criança chore, a família retira da vida da criança tudo que pode causar tal desconforto e assim, diminuem a quantidade de estímulos, locais a que vão, pessoas que encontram e variedade de vivências. Se olharmos com cuidado, a família também se priva do convívio social que poderiam ter.

Quando somos expostos a estimulos diferentes e temos a chance de aprender um pouco com eles. Não há como aprender sobre algo que nunca é visto.

Devemos  entender que para fazer com  que a criança se acostume com coisas diferentes e saiba lidar com o que pode ser temporariamente desconfortável é preciso uma exposição lenta ao estímulo, até que tudo fique mais fácil e tolerável para a criança.

Converse com o profissional que atua com seu filho e programem cuidadosamente como essa exposição será feita, rumo ao aprendizado. Leve em consideração o que você já conhece sobre a criança e tenha objetivos de curto  e longo prazo. Tenha perseverança e siga com as estratégias traçadas de forma consistente.

Bom trabalho!